TERMINAIS



Petrobrás e o Acordo Nacional do Benzeno.

A Petrobrás encaminhou uma carta à Diretoria de Segurança e Saúde 
no Trabalho (DSST), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), 
requerendo a implantação do limite de exposição ao benzeno
 em substituição ao Valor de Referência Tecnológico (VRT),
 em vigor desde que foi firmado o Acordo Nacional do
 Benzeno em 1995. O que a Petrobrás pretende é regredir
 ao tempo das trevas, rasgando um acordo formulado por uma
 comissão tripartite, a CNPBz, composta por bancadas 
dos trabalhadores, do governo e patronal, que instituiu o VRT, 
tendo em vista que não há limite seguro de exposição ao benzeno.
Em conjunto com a carta, a Petrobrás encaminhou parecer
 técnico assinado por dois médicos da empresa que acumulam 
pouquíssimo conhecimento do assunto para elaborarem tal 
documento. O parecer contraria a opinião dos verdadeiros 
especialistas no tema que são os pesquisadores da Fundacentro
 de São Paulo, fundação ligada ao próprio Ministério do Trabalho
 e Emprego, e hematologistas da FIOCRUZ, que 
são cientistas reconhecidos internacionalmente.
Na carta, a Petrobrás alega que “tem sido criada, injustificadamente, 
uma expectativa de aposentadoria precoce em grande número de
 trabalhadores posto que os requisitos utilizados para a concessão 
antecipada do benefício não coincidem com os critérios utilizados 
para direcionar as medidas de proteção ocupacional, causando grande
 frustração nesse grupo de pessoas e acarretando na propositura de
 diversas ações judiciais, que buscam o reconhecimento do direito 
de aposentadoria especial por meio de decisão judicial.”
O documento é uma afronta à democracia, onde a Petrobrás 
reconhece que não cumpre as leis do Brasil. Com essa
 manobra, a empresa que mudar a norma para fugir da obrigação
 de pagar alguns bilhões de reais à Receita Federal por não
 recolher alíquota extra de GFIP para os trabalhadores expostos
 ao benzeno.
O Sindipetro Caxias tem sido pioneiro nesta cobrança,
 denunciando a sonegação previdenciária da Petrobrás e vai
 lutar para que a empresa respeite a legislação brasileira, 
a segurança e a saúde dos trabalhadores.
Lei na íntegra a carta da Petrobrás e o anexo

O Acordo Nacional do Benzeno
O benzeno é uma das substâncias químicas tóxicas mais
 presente nos processos industriais no mundo.
 É a substância mais cancerígena, segundo a Agência 
Internacional de Controle do Câncer (IARC).
A exposição crônica ao benzeno - comum em 
refinarias de petróleo e nas siderúrgicas - prejudica 
bastante o organismo. Seus metabólitos (subprodutos) 
são altamente tóxicos e se depositam na medula óssea 
e nos tecidos gordurosos. Não existe limite seguro 
de exposição ao benzeno. A simples presença do produto
 no ambiente de trabalho põe em risco a saúde do trabalhador.
O Acordo Nacional do Benzeno, firmado, em 1995, entre
 o governo, a indústria e os sindicatos dos ramos petroquímico,
 químico e siderúrgico, definiu medidas de proteção da saúde d
e trabalhadores e o Valor de Referência Tecnológico (VRT). 
O VRT atualmente é de 1 ppm no setor petroquímico e 2,5 ppm 
no setor siderúrgico. Entre as medidas de proteção são previstos:
 programas de vigilância da saúde e de monitoramento ambiental 
e instalação de grupos de prevenção à exposição ocupacional ao benzeno.
Quem trabalha em unidades que operam com benzeno deve passar
 por avaliações de saúde periódicas. O hemograma completo
 é obrigatório e permite avaliar alterações, ao longo do tempo,
 possibilitando diagnósticos precoces de benzenismo. Além disso,
 toda empresa que armazena, usa ou manipula o benzeno e seus 
compostos líquidos, em um volume mínimo de 1% do total, 
é obrigada a ter um grupo de representação de trabalhadores 
do benzeno, cujas atividades são ligadas à Cipa.
 
IN MEMORIA DE UM TRABALHADOR DO G.H.E. CUBATÃO ( RPBC/2004)
No dia 5 de outubro de 2004, o Benzeno causou a morte do Técnico de Operação Roberto Viegas Kappra, da Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC), vítima de Leucemia Mielóide Aguda, conforme atestado de óbito. Kappra tinha 36 anos e trabalhava na gerência de Transferência e Estocagem, responsável pelo tratamento de efluentes da refinaria. Do diagnóstico ao óbito decorreram apenas 15 dias. O trabalhador era casado e deixou dois filhos.
Na época, a Petrobrás não reconheceu a doença ocupacional e se recusou a abrir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), que acabou sendo emitida pela Delegacia Regional do Trabalho de São Paulo mais de 30 dias após o óbito, em 19 de novembro.
A Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC) é uma das mais antigas e complexas indústrias de refino de petróleo e petroquímica do país. Inaugurada em 1956, produz uma ampla gama de produtos dentre os quais o benzeno.